Brasil é líder em Reprodução Assistida na América Latina
Para a especialista em reprodução assistida, Cláudia Navarro, os dados mostram que o Brasil está à frente quanto à conscientização da infertilidade.
Um estudo realizado pela Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida – REDLARA, divulgado recentemente, mostra que o Brasil é o país latino americano com maior número de pessoas nascidas por reprodução assistida. Foram 83.681 partos entre 1990 e 2016, o que representa 41,9% do total de partos por esse método na América Latina.
Para a especialista em reprodução assistida, Cláudia Navarro, os dados mostram que o Brasil está à frente quanto à conscientização da infertilidade. “As técnicas de reprodução humana têm evoluído e realizado sonhos. As mulheres estão se conscientizando sobre a infertilidade e buscando cada vez mais ajuda de especialistas”, comenta a médica.
Gravidez após 35 anos
O estudo mostra dados importantes sobre idade das mães. No período, 64,6% dos procedimentos foram realizados em mulheres acima dos 35 anos. “Sabemos que essa faixa etária é uma fase em que a fertilidade feminina apresenta queda acentuada. Após os 35 anos, a reserva ovariana já está muito baixa”, comenta Cláudia Navarro.
No período do estudo, 53.6% das mulheres acima de 42 anos precisaram usar óvulos doados, enquanto 90,4% até 39 anos utilizaram óvulos próprios. “Aos 42, engravidar com óvulos próprios torna-se mais difícil e é importante considerar que gametas mais velhos podem desenvolver problemas cromossômicos”, pontua.
Congelamento de gametas
O congelamento de gametas antes dos 35 anos pode aumentar as chances de uma gravidez tardia. De acordo com o levantamento, 5% dos procedimentos tiveram relação com preservação de fertilidade. “Nesse caso, a mulher preserva sua fertilidade podendo realizar uma FIV no futuro com seu próprio óvulo, que permanece jovem”, explica Cláudia Navarro.
“A preservação da fertilidade é uma alternativa para a mulher que deseja esperar um momento mais adequado em sua vida para uma gravidez”, comenta. “Em casos de mulheres que vão passar por quimioterapia e desejam engravidar no futuro, também é uma saída, já que o procedimento pode prejudicar os gametas”, diz a especialista.
Quando procurar um especialista?
O estudo mostra dados, em sua maior parte, relacionados à idade materna. Cláudia lembra que a infertilidade afeta milhares de pessoas em todo o mundo e que quanto antes for investigada, melhor. “Normalmente, após 12 meses de tentativas sem sucesso, sem uso de qualquer método contraceptivo, o casal pode procurar ajuda”, orienta.
Exames podem apresentar problemas em ambos. “Quando você tem um diagnóstico de infertilidade, em 35% das vezes se deve a um fator feminino, em 35% um fator masculino, em 20% ambos podem ter alguma alteração e em 10%, apesar de todos os exames, não é possível definir a causa da infertilidade”, informa a especialista.
Sobre Cláudia Navarro
Cláudia Navarro é especialista em reprodução assistida e diretora clínica da Life Search. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, Cláudia titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. Atualmente, atua na área de reprodução humana, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida, endocrinologia ginecológica, doação e congelamento de gametas.
Fonte: Correio do Povo