Partos por cesariana chegam a 88% na rede privada, mostra pesquisa.
Em média, 52% dos nascimentos em hospitais brasileiros, públicos e privados, acontecem por cesariana, mostra pesquisa feita pela Fiocruz e Ministério da Saúde em 2011 e 2012, e divulgada no dia 25 de maio.
Nos hospitais particulares, esse índice chega a 88%. Os números são muito acima da meta de, no máximo, 15% recomendada pela Organização Mundial de Saúde.
"Há uma cultura instituída de que a cesariana é um parto seguro e saudável", disse Maria do Carmo Leal, coordenadora da pesquisa. Para a pesquisadora da Fiocruz Silvana Granado, que participou do estudo, precisa haver uma mudança na cabeça dos médicos. "Desde a formação do médico ele tem de entender que o parto normal é o melhor para mãe e para o bebê", disse.
A pesquisa ouviu cerca de 24 mil mulheres em maternidades públicas, privadas e mistas. Ao todo foram visitados 266 hospitais de médio e grande porte localizados em 191 municípios, entre capitais e interior. A coleta dos dados aconteceu entre fevereiro de 2011 e outubro de 2012. Em cada instituição foram ouvidas 90 mulheres que haviam dado à luz recentemente.
Os dados mostram que 36% das mães já chegam à rede privada querendo fazer cesariana . Ao longo da gestação, no entanto, esse índice aumenta para 88%. Já na rede pública, 15% querem fazer cirurgia desde o início, e durante a gravidez há um aumento que chega aos 40% de cesarianas efetivamente realizadas no SUS.
Segundo Maria do Carmo, o medo de sentir dor é a principal justificativa das mulheres que escolhem a cesariana como método de parto. "“Isso ocorre porque o parto normal oferecido no Brasil ainda é muito ruim”, avaliou.
Entre as gestantes que fazem o parto normal, ficou claro que predomina uma forma "medicalizada" de nascimento, em que são usados métodos que provocam sofrimento desnecessário para as mães, como a falta de estímulo de caminhar, sem alimentação, e com o uso de medicamentos que aceleram as contrações. Muitas vezes elas dão à luz deitadas deitadas na maca e com alguém apertando a barriga, o que não é recomendado.
Planejamento familiar
O levantamento da Fiocruz traz ainda dados sobre o planejamento familiar. Das mães ouvidas, 45% desejavam a gravidez e 9% ficaram insatisfeitas ao saber que esperavam um bebê. Há ainda um percentual de 2,3% que tentaram interromper a gravidez. "Estima-se que um quarto das gestações se transformam em aborto no país, o que é uma das principais causas de morte materna", acrecentou Leal.
A pesquisa mostrou que 26% das mães tiveram sintomas de depressão pós-parto. “É um problema muito comum no mundo e maior ainda no Brasil. Identificamos que ele é mais frequente em mulheres de famiias pobres que tiveram gravidez indesejada. Isso indica que o planejamento da gravidez é muito importante”, apontou Maria do Carmo.
A pesquisa mostrou ainda que 1/4 das gestações são consideradas de risco no país, o que demonstra maior necessidade de acompanhamento pré-natal. O serviço, conforme apontou o llevantamento, é oferecido em 99% da rede hospitalar no país. Das mulheres entrevistadas, 61% começaram o pré-natal antes da 12ª semana de gestação e 73% compareceram a seis ou mais consultas.
Fonte: G1
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